Tenho ouvido muitas pessoas dizerem que para aprender um idioma é necessário viver no país onde se fala esse idioma, pois só assim se aprende. Discordo dessa ideia porque convivi com pessoas de todas as idades nos Estados Unidos, que já estavam vivendo lá quando cheguei e que nunca falaram inglês–eu retornei ao Brasil 05 anos depois e eles ainda não falavam inglês. Mas por quê?
No início eu achava isso estranho, confesso que não entendia, mas com o passar do tempo percebi que a maioria dessas pessoas nunca se esforçava, se tinha algum problema para resolver por telefone, ou ir a uma consulta ou à Corte, pediam ajuda a alguém, eu mesma ajudei muitas pessoas, servindo de intérprete. Mas, a questão é: porque eles nunca conseguiram aprender?
Mesmo vivendo o dia a dia na comunidade onde se fala inglês, eles nunca conseguiram passar pelos processos de internalização da língua. E isso pode acontecer com qualquer um, até quem estuda a língua também. Além da aprendizagem mediada pelo professor, é necessário que o aprendiz tire proveito de outras formas de aprendizagem: Internet, leitura de livros ou artigos (jornais, revistas, blogs, etc), filmes, séries, músicas, aplicativos, diálogos com nativos (face a face ou mediados pelo computador). A partir do uso dessas formas mediadas, o aprendiz vai se expor à língua e aprender de forma natural, ou seja, não basta apenas o ambiente em sala de aula, e também não é só viver onde se fala a língua sem fazer uso das formas de interação que o dia a dia oferece.
Não sabemos exatamente porque algumas pessoas não aprendem, elas têm algum bloqueio, ou porque umas levam menos tempo que outras — a não ser pelo fato dessas possuírem a inteligência linguística — mas sabemos que as pessoas que buscam aprender, usando formas diferentes de interação com o idioma, aprendem! A escolha é pessoal, se você quiser aprender, vai aprender, mas se não quiser aprender, nada nem ninguém vai te fazer aprender. 😦
Olá, Gean. Muito interessante essa discussão. Há uma pessoa bem próxima de mim que teve uma experiência de não aprendizagem do inglês, mesmo tendo morado 3 anos nos EUA. Acredito que muitas coisas podem ter contribuído para que isso acontecesse. A referida pessoa morava e trabalhava com brasileiros e não sentia muita necessidade de falar inglês. Usava umas poucas palavras só para comunicações rápidas, como pedir uma comida no restaurante ou perguntar preço. Então, sabia um pouco, mas não o suficiente para usar a língua de maneira mais ampla. Hoje, esta pessoa tem meio que um “trauma” de inglês; não gosta nem de assistir filmes legendados. Acho que a questão do interesse influenciou muito; mas também as circunstâncias de interação em que ela teve naquele país.
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